sábado, 25 de maio de 2013

A FEITICEIRA


Sprenger diz (antes de 1500) : "Deve-se dizer a he­resia das feiticeiras, e não dos feiticeiros; estes têm pouca importância". E um outro autor, sob o reinado de Luís XIII: "Para um feiticeiro, existem dez mil feiticeiras".

"A Natureza as fez feiticeiras." - É o gênio próprio à mulher e seu temperamento. Ela nasceu Fada. Pela volta regular da exaltação, ela é Sibila. Pelo amor, ela é Má­gica. Pela sua fineza, sua malícia (muitas vezes fantástica e benfazeja), ela é Feiticeira, e faz a sorte ou, pelo menos, adormece, engana os males.

Todos os povos primitivos tiveram um mesmo prin­cípio; nós os vemos através das Viagens. O homem caça e combate. A mulher imagina, sonha; ela é mãe dos sonhos e dos deuses. Ela é vidente em certos dias; ela tem a asa infinita do desejo e do sonho. Para melhor contar o tempo, ela observa o céu. Mas a terra não tem menos o seu coração. Seus olhos se baixam para as flores amo­rosas, ela mesma uma flor, e aprende a conhecê-las inti­mamente. Como mulher, ela lhes pergunta como curar aqueles que ama.

Singelo e comovedor começo das religiões e das ciências. Depois, tudo se dividirá; ver-se-á o homem especial, jogral, astrólogo ou profeta, nigromante, sacer­dote, médico. Mas a princípio a mulher é tudo.

Uma religião forte e viva, como o foi o paganismo grego, começa com a sibila e termina com a feiticeira. A primeira, formosa donzela, o embalou em plena luz do dia e lhe deu encanto e esplendor. Mais tarde, abatido, enfermo, nas sombras da Idade Média, nos landes e nos bosques, ele foi protegido pela feiticeira, que com sua piedade o alimentou, fê-Io viver. Assim, para as religiões, a mulher é mãe, terna protetora e nutriz fiel. Os deuses são como os homens: nascem e morrem em seu seio.

Mas quanto lhe custa sua fidelidade! Reinos, magos da Pérsia, encantadora Circe! sublime Circe! que tem sido de vós? e que bárbara transformação! Aquela que do trono do Oriente ensinou as virtudes das plantas e a via­gem das estrelas; aquela que, ao trípode de Delfos, ilu­minada pelo deus da Luz, dizia orações ao mundo de joelhos - é essa, mil anos depois, que é caçada como. uma besta selvagem, perseguida pelos campos, desonrada, ape­drejada, colocada nas chamas da fogueira!

Mas o clero não tem muitas fogueiras, nem o povo bastantes injúrias, o menino muitas pedras para atirar contra a infortunada. O poeta (também um menino) atira-lhe outra pedra, mais cruel ainda para uma mulher. Ele supõe, gratuitamente, que ela sempre fora feia e velha. A palavra "feiticeira", imaginam-se as horrorosas velhas de Macbeth. Mas os cruéis processos a que se submeteram ensinam o contrário: muitas morreram precisamente por que eram jovens e belas.

A sibila predizia a sorte; a feiticeira, o fato. É a grande, a verdadeira diferença. Ela evoca, conjura, opera, por assim dizer, o destino. Não é a antiga Cassandra que via tão bem o futuro, o deplorava, o aguardava. A feiticeira acredita neste futuro. Mais que Circe, mais que Medéia, ela tem à mão a varinha da virtude natural, e por guia e irmã a Natureza. Ela já tem as feições do Prometeu moderno. Nela começa a indústria, sobretudo a indústria soberana que cura, que conforta o homem. Ao contrário de Sibila, que parecia olhar a aurora, ela olha o poente, mas justamente o poente sóbrio dá, muito antes que a aurora (como acontece aos picos dos Alpes), uma alvorada antecipada do dia.

O sacerdote entrevê bem que o perigo, o inimigo, a rivalidade temível está naquela que ele finge desprezar, está na sacerdotisa da Natureza. Dos deuses antigos, ela concebe os deuses. Ao lado do Satã do passado, pode-se ver despontar nela o Satã do futuro.

O único médico do povo, durante mil anos, foi a feiticeira. Os imperadores, os reis, os papas, os mais ricos barões tinham alguns médicos em Salerne; os mouros, os judeus, mais a massa de todo o Estado, e pode-se dizer do mundo, não consultavam senão a Saga ou Sage-femme. Se ela não conseguia curar, era então injuriada, chamam-na de feiticeira. Mas geralmente, por um respeito mesclado de temor, chamavam-na de "boa mulher" ou “bela mulher" (bella donna), o mesmo nome que se dava à fada.

Sucedeu-lhe o que aconteceu à sua planta favorita, a beladona, e aos outros venenos salutares que ela empre­gava e que foram o antídoto dos grandes males da Idade Média. O menino, a gente ignorante, maldisse essas sombrias flores sem conhecê-Ias. Essas flores espantavam com suas cores duvidosas. E ante elas ele recua, se afasta. São, não obstante, as consoladoras (solenáceas), que, dis­cretamente administradas, têm curado tantas vezes, têm adormecido tantos males.

Encontrareis as feiticeiras nos lugares mais sinistros, isolados, mal afamados, nos casebres, nas ruínas. Todavia, esta é uma semelhança que têm com aquela que as espe­rava. Onde poderia ela ter vivido senão nos landes sel­vagens, a infortunada a quem perseguiamos de tal modo, a maldita, a proscrita, a envenenadora que curava, salvava; a noiva do Diabo e do Mal encarnado, que tem feito tanto bem, nas palavras de um grande médico do Renascimento. Quando Paracelso, em Bâle, em 1527, queimou toda a medicina, declarou que não sabia nada senão o que havia aprendido com as feiticeiras.

Isto valia uma recompensa. Elas a tinham. Pagavam-­nas com torturas, com fogueiras. Criavam-se suplícios para elas; idealizavam muitas dores. Eram julgadas em massa e condenadas apenas por uma palavra. Jamais houve prodigalidade de vidas humanas igual a esta. Sem falar da Espanha, terra clássica das fogueiras, onde o mouro e o judeu jamais andavam sem a feiticeira, quei­maram-se sete mil em Treves; não sei quanto em Tol­louse; em Gênova, quinhentas em três meses (1513); oitocentas em Wurtzburg, em apenas um dia; mil e quinhentas em Bamberg. Fernando II, o Devoto, cruel imperador da Guerra dos Trinta Anos, foi obrigado a vigiar os bons bispos. Eles teriam, ao que parece, a boa intenção de purificar pelo fogo todos os seus bons vas­salos. Encontro na, lista de Wurtzburg um feiticeiro de onze anos, que estava na escola e uma feiticeira de quinze; em Bayonne, duas de dezessete, condenavelmente bonitas.

Notai que, em certas épocas, o ódio mata quem ele quer. A inveja das mulheres, as concupiscências dos ho­mens apoderam-se de uma arma tão cômoda. Fulana é rica? ... Feiticeira. Beltrana é formosa?.. Feiticeira.

Nós veremos Murgui, uma pequena mendiga, que, com esta pedra terrível, marcou com sua morte a fronte de uma grande dama, muito bela, a castelã de Lancinena.

As acusadas, sempre que podem, antecipam a tortura e se matam. Remy, o excelente juiz de Lorraine, que queimou oitocentas feiticeiras, leva vantagem neste terror. "Minha justiça é tão boa", diz ele, "que dezesseis, que foram julgadas outro dia, não quiseram esperar -e se en­forcaram antes."

No longo caminho da minha história, nos trinta anos que já tenho consagrado a ela, esta horrivel literatura de feitiçaria me tem passado, repassado frequentemente pelas mãos. Tenho examinado, em primeiro lugar, os manuais de inquisição, a estupidez dos dominicanos (Fouets, Marteaus, Fourmilières, Fustigations, Lanternes, etc., são os títulos de seus livros). Depois, tenho lido os parlamen­tares, os juízes leigos que sucedem àqueles monges, os desprezam e, no entanto, não são menos idiotas. Sobre isto, digo alguma coisa em outro local. Aqui, uma só observação, a de que de 1300 a 1600, e ainda depois, a justiça é a mesma. Salvo um pequeno entreato no Parlamento de Paris, é sempre e por toda parte a mesma fe­rocidade de bobagens. Os talentos não servem aqui para nada. O inteligente De Lancre, magistrado bordelês do reinado de Henrique IV, grande avançado em política, rebaixa-se ao nível de um Nider, de um Sprenger, dos monges imbecis do século XV, ao começar a tratar de feitiçaria.

A gente é apanhada de espanto ao ver os tempos tão diversos, os homens de cultura diferente não poderem avançar mais um passo. Depois, compreende-se muito bem por que uns e outros foram detidos, diremos mais, cegados, irremediavelmente embriagados e bestificados pelo veneno de seu princípio. Este princípio é o dogma da injustiça fundamental: "Todos perdidos por um só, não só punidos, mas dignos de sê-Io, depravados e pervertidos de antemão, mortos perante Deus antes mesmo de nascer. O menino que mama é já um condenado".

Quem disse isto? Todos, até Bossuet. Um médico importante de Roma, Spina, Maitre du Sacre Palais, formula cristalinamente esta pergunta: "Por que Deus permite a morte dos inocentes? Ele o faz justamente. Porque se eles não morrem por causa dos pecados que cometem, morrem todos os dias pelo pecado original". (De strigibus. pág. 9.)

Desta enormidade derivam duas coisas, em justiça e em lógica. O juiz está sempre seguro de seu acerto; o acusado é sempre culpado, e, se ele se defende. é mais culpado ainda. A justiça não tem que suar muito, quebrar a cabeça para distinguir o verdadeiro do falso. Em tudo, parte-se de uma opinião preconcebida. O lógico, o esco­lástico não tem que fazer a análise da alma humana, de dar conta das nuanças por que ela passa, de sua comple­xidade, de suas lutas interiores e de seus conflitos. Ele não tem necessidade, como nós, de explicar como essa alma, gradualmente, pôde tornar-se viciosa. Oh! como ele riria se pudesse compreender as sutilezas, as investigações deste estudo. E com que graça abanaria as soberbas orelhas, com as quais a sua cabeça é adornada.

Quando se trata sobretudo do pacto diabólico, pacto pavoroso, onde pela pequena vantagem de um dia 'Se vende a alma às torturas eternas, nós procuraríamos buscar o caminho maldito, a espantosa escala de infelicidades e crimes que a terão feito descer até este ponto. Nosso homem sabe bem a que se ater. Para ele, a alma e o diabo nasceram um para o outro, se bem que, na primeira ten­tativa, por um capricho, por um desejo .vago, por uma idéia fantástica, lança-se de um golpe a alma a esta hor­rível extremidade.

Não vejo tampouco que os nossos modernos tenham indagado muito da cronologia moral da feitiçaria. Eles se apegam nas relações da Idade Média com a Antiguidade. Relações reais, mas falhas, e de pouca importância. Nem a velha mágica, nem a vidente celta ou germânica são ainda a verdadeira feiticeira. As inocentes Sabasies (de Bacchus Sabasius), do pequeno sabá rural que perdurou na Idade Média, não são de modo algum a Missa Negra do século XIV, o grande desafio solene a Jesus. Essas terríveis concepções não chegarão para a longa fileira da tradição. Elas brotarão do horror dos tempos.

De quando data a feiticeira? Respondo sem hesitar:"Dos tempos do desespero".

Do desespero profundo que fez o mundo da Igreja. E digo ainda sem hesitar: "A feiticeira é seu crime".

Não me detenho de forma alguma às suas melífluas explicações que fingem atenuar o horror. Fraca, ágil era a criatura, branda às tentações. Ela foi induzida ao mal pela concupiscência. Ah! na miséria, a fome desses tempos não é o que podia perturbar até o furor diabólico. Se a mulher amorosa, ciumenta e abandonada, se o menino expulso pela madrasta, se a mãe golpeada por seu filho (velhas personagens de lendas), se eles têm podido ser tentados, invocar o mau espírito, isso tudo nada tem a ver com a feiticeira. De que estas pobres criaturas chamem a Satã, não se conclui que ele as aceite. Eles estão longe ainda, bem longe de serem maduras para ele. Elas não têm o ódio de Deus.

Para compreender melhor todo isso, lede os registros execráveis que nos restam da Inquisição, não os extratos de LIorente, de Lamothe-Langon, etc., mas o que temos dos registros originais de Toulouse. Lede na sua vulgari­dade, na sua sombria secura, tão pavorosamente selvagem. Ao fim de quaisquer páginas, 'Sentimo-nos enregelados. Lm frio cruel nos toma. A morte, a morte, a morte, é isso que sentimos em cada linha. Encontramo-nos já em um ataúde ou em uma pequena choça de pedra dentro de um muro bolorento. Os mais felizes são aqueles que morrem. O horror é a vida no in-pace. É esta palavra que volta sem cessar, como um sino de abominação que toca­mos e retocamos, para desolar os mortos vivos.

Enquanto mecânica de destruição, de achatamento, cruel prensa para quebrar a alma. A cada volta do para­fuso, já quase sem respirar, ela salta da máquina e cai num mundo desconhecido..

À sua aparição, a feiticeira não tem pai, nem mãe, !tem filhos, nem esposo, nem família. É um monstro, um aerólito, vindo não se sabe de onde. Quem teria a ousadia, grande Deus, de aproximar-se dela?

Onde se encontra ela? Em lugares impossíveis, na floresta de espinhos, no lande, onde o espinho, o cardo emaranhado não permitem passagem. À noite, sob qual­quer dólmen. Se 'Se a encontra aí, ela está isolada pelo horror comum; ela tem à volta como que um círculo de fogo.

Quem a faz chorar então? É uma mulher ainda. Até mesmo esta vida terrível oprime e põe em tensão sua força de mulher, a eletricidade feminina. Ei-Ia dotada de duas faculdades:

O iluminismo da loucura lúcida, que, segundo seus graus, é poesia, segunda vista, penetração perfurante, a palavra ingênua e astuciosa, a faculdade sobretudo de crer-se em todas as suas mentiras. Dom ignorado do fei­ticeiro homem. Com ele nada teria começado.

Desta faculdade deriva uma outra, o sublime poder da concepção solitária, a partenogênese que os nossos fisió­logos reconhecem agora ilas fêmeas de numerosas espécies para a fecundidade dos corpos, e que não é menos segura para as concepções do espírito.

Sozinha, ela concebe e pare. O quê? Um ser igual a ela, tão semelhante a ela que não se pode distinguir.

Filho do ódio, concebido do amor. Pois que sem o amor não cremos em nada. A mãe, assustada com sua própria concepção, sente-se tão bem, se compraz de tal modo neste ídolo, que o coloca a todo instante sobre o altar, honra-o, imola-o, e se dá como vítima e viva hóstia. Ela mesma muitas vezes o dirá ao seu juiz: "Não temo mais que uma coisa: sofrer muito pouco por ele". (Lan­cre.).

Sabeis vós a primeira manifestação da criança? É uma espantosa gargalhada. Não há criatura mais alegre sobre sua livre campina, longe dos calabouços da Espanha e dos claustros de Toulouse. Seu in-pa-ce não é nada menos que o mundo inteiro. Ele vai, vem, passeia. Sua é a floresta sem limites. Seu o lande de longínquos hori­zontes. Sua a terra toda. A feiticeira o disse ternamente: "Meu Robin", do nome daquele valente proscrito, o alegre Robin Hood, que vive sob a verde folhagem. Gosta de chamá-Io também de Verdelet, Folibois, Vertbois. São os lugares favoritos do travesso. Apenas ouve um silvo e já começa a fazer as suas travessuras.

O que espanta é que do primeiro golpe a feiticeira criou verdadeiramente um ser. Ele tem todos os semblan­tes da realidade. Tem-se visto. ouvido esse ser. E qual­quer um pode descrevê-Io.

Olhai, ao contrário, a impotência da Igreja para en­gendrar. Como seus anjos são pálidos, diáfanos.

Mesmo nos demônios que tomou aos rabinos, sórdida legião de resmungões, ela procurou um realismo de terror, mas não encontrou. Estas figuras são grotescas, mais que terríveis; elas são flutuantes e cômicas.

Vede, agora, Satã: este sai do seio em chamas da feiticeira, vivo, armado e todo brandido.

Apesar do medo que sentíamos dele, deve-se confes­sar que, sem ele, morreríamos de monotonia. Dos flagelos Que ferem esses tempos, o aborrecimento é ainda o pior. . . Quando ensaiamos fazer falar as Três Pessoas ao mesmo tempo, como Milton teve essa ídéia, o aborreci­mento alcança o sublime. De uma a outra, é um sim eterno. Dos anjos aos santos, o mesmo sim. Aqueles, em suas lendas, muito gentis no começo, têm todos um ar de parentesco insípido, entre eles, e com Jesus. Todos primos. Deus nos guarda de viver em um país onde todo rosto humano, de semelhança desoladora, tenha aquela igual­dade adocicada do convento ou da sacristia.

Ao contrário, este alegre, o filho da feiticeira, sabe dar a réplica. Ele responde a Jesus. Eu estou seguro de que ele não se aborrece, acabrunhado como está da insipi­dez de seus santos.

Aqueles bem-amados, os filhos da casa, mexem- se pouco, contemplam, agradam. Eles esperam esperando, seguros de que eles terão sua parte de escolhidos. O pouco de atividade que têm se concentra no círculo apertado da imitação (esta palavra é toda a Idade Média). Ele, o bastardo maldito, cuja parte não é senão o castigo, não se cansa de esperar. E ele vai procurar, sem jamais descan­sar. Ele se agita, da terra ao céu. Ele é muito curioso, escava, penetra, sonda e mete o nariz em tudo. Da Consummatum est ele se ri, dizendo sempre: "Mais longe. Para a frente".

De resto, ele não está desgostoso. Toma todas as repulsas; o que o céu atira, ele recolhe. Por exemplo, a Igreja atirou a Natureza, como impura e suspeita. Satã a agarra e a adorna. Bem mais, ele a explora e a utiliza, faz brotar dela as artes, aceitando o título com que se quer desonrá-Io: Príncipe do Mundo.

Temos dito com imprudência: "Infelizes os que riem". Isso é dar a Satã a parte mais bela, o monopólio do riso, e proclamá-Io como um ser alegre, jovial, iliver­tido. Dizemos mais, necessário. Porque o riso é, uma função essencial de nossa natureza. Como levar a vida se não podemos rir, pelo menos entre nossas dores?

A Igreja, que não vê na vida mais que uma provação, se guarda de prolongá-Ia. Sua medicina é a resignação, a espera, a esperança da morte. Vasto campo para Satã. Eis a medicina, o curandeiro dos vivos; bem mais, o consola­dor, pois tem a bondade de nos mostrar os mortos, de evocar as sombras de nossos amados defuntos.

Outra coisa que a Igreja repele é a lógica, a livre razão, e outra coisa ainda que o outro avidamente agarra.

A Igreja havia construido a cal e a cimento um pe­queno in-pace, estreito, com a abóbada bem baixa, ilumi­nada apenas por uma fresta. A isto chamou Escola. Aqui se soltavam alguns tosquiados e se lhes dizia: "Estão livres". Todos ali viriam a ser aleijados. Trezentos, qua­trocentos anos confirmam a paralisia. E o ponto de Abailard é justamente o de Occam.

Esta coisa graciosa é que vai buscar ali a origem do Renascimento. Ele teve lugar, mas como? Pela empresa satânica dos que furaram a ahóbada, pelos esforços dos condenados que queriam ver o céu. Ele teve lugar tam­bém longe da escola e das letras; na escola silvestre, onde Satã ensinou à feiticeira e ao pastor.

Ensino arriscado, mas que, mesmo com seus riscos, exaltava o amor curioso, o desejo desenfreado de ver e saber. Lá começarão as más ciências: a farmácia com seus venenos, aexecrável anatomia. O pastor; espião das es­trelas, observando o céu, trouxe de lá suas receitas culpadas, seus ensaios sobre os animais. A feiticeira trouxe do cemitério vizinho um corpo roubado, e pela primeira vez, ao risco da fogueira, pôde-se contemplar esse milagre de Dues, “que se escondia parvamente, em lugar de com­preendê-Io" (como diz bem M. Serres).

O único médico admitido ali por Satã, Paracelso, viu uma terceira personagem que às vezes se deslizava na assembléia sinistra e que representava a cirurgia. Era o cirurgião daqueles tempos de bondade, o carrasco, o ho­mem de mão ousada, que manejava oportunamente o ferro,  que quebrava os ossos e sabia juntar novamente, que matava e às vezes salvava.

A universidade criminal da feiticeira, do pastor, do carrasco, em seus ensaios que foram um sacrilégio, deu em alento a uma outra, forçou o seu concorrente a estudar, porque todos queriam viver. Tudo havia sido da feiticeira; e dava-se sempre as costas ao médico. A Igreja teve que sofrer e tolerar esses crimes e confessar que há bons venenos (Grillandus). Forçada e constrangida, ela permite as dissecações públicas. Em 1306, o italiano Mon­dino abre e disseca uma mulher; e outra em 1315. Reve­lação sagrada, descobrimento de um mundo (maior que o de Cristóvão Colombo). Os idiotas se estremecem, uivam. E os sábios prostram-se de joelhos.

Com tais vitórias, Satã está muito seguro de viver. E jamais a Igreja, por si só, poderia tê-Io destruído. As fogueiras não faziam nada, senão certa política.

Dividiu-se habilmente o reino de Satã: contra sua filha, sua esposa, a feiticeira, se armou seu filho, a medicina.

A Igreja, que odiava profundamente o médico, não lhe deixou fundar o monopólio de sua arte com a extin­ção da feiticeira, declarando no século XIV que se a mulher ousa curar sem haver estudado, ela é realmente t:ma feiticeira e deve morrer.

Mas como estudaria ela publicamente? Imaginai a cena grotesca, horrível, que teria lugar se a pobre selvagem se arriscasse a entrar para a Escola. Que festa, que gaia­tice. Aos fogos de Santa Joana, queimavam-se os gatos encadeados. Que espetáculo divertido não teria sido a feiticeira substituindo o gato.

Ver-se-á mais adiante a decadência de Satã. Lamen­tável narrativa. Nós o veremos pacífico, transformado em um bom velho. Nós o roubamos, o pisamos, até o ponto em que das duas máscaras que tinha no sabá, a mais suja é tomada por Tartufo.

Seu espírito está em toda parte. Mas ele mesmo, sua pessoa, perdeu-o todo ao perder a feiticeira. Os feiticeiros não foram senão maçadores.

Agora que se precipitou de tal modo o seu fim, sabe-se bem o que aconteceu? Não seria ele um ator neces­sário, uma peça indispensável da grande máquina reli­giosa, hoje um pouco desarranjada? Todo organismo que funciona bem é duplo, tem dois lados. A vida não se realiza de outro modo. É um certo balanceamento de duas forças, opostas, simétricas, mas diferentes; a inferior faz contrapeso, responde à outra. A superior se impacienta e quer suprimi-Ia. Sem razão.

Quando Colbert (1672) destitui Satã sem muita con­sideração, proibindo aos juízes de receber os processos de feitiçaria, o tenaz Parlamento normando, na sua boa lógica normanda, mostra o alcance perigoso de uma tal decisão. O Diabo não é menos que um dogma que de­pende de todos os demais. Tocar o eterno vencido não étocar o eterno vencedor? Duvidar dos atos do primeiro é a mesma coisa que duvidar dos atos do segundo, dos milagres que fez precisamente para combater o Diabo. As colunas do céu têm seu pé no abismo. O insensato que move esta base infernal pode gretar o Paraíso.

Colbert porém não escuta. Tem tanto que fazer... Mas o Diabo talvez ouviu, e isto o consola muito. Nos pequenos trabalhos em que agora ganha a vida (o espiri­tismo ou mesas giratórias) ele se resigna, acreditando que pelo menos ele não morre só.

A passagem que começa em “Olhai, ai contrário, a impotência da Igreja...” não constava da edição orignal. (N. do A.)


sexta-feira, 24 de maio de 2013

INQUISIÇÃO PROTESTANTE

"A Religião persegue, tortura e queima quem discorda dela. A Ciência e a Filosofia nunca mataram ninguém, apenas buscam descobrir as leis da natureza." (Robert G. Ingersoll) 


Quando falamos em inquisição, a primeira visão que nós temos é de  instrumentos feitos pela Igreja Católica Apostólica ROMANA para torturar hereges, ateus, bruxas, pagãos, protestantes, judeus, muçulmanos ou quem quer que seja que venha por em dúvida a fé cristã e os ensinamentos dotado de força coercitiva pela classe sacerdotal, com a finalidade de obter pelo tormento infligido, a confissão necessária e suficiente para levar alguém a ser queimado vivo pelo Tribunal do Santo Ofício.

Já vi e ouvi pastores evangélicos e protestantes culparem a Igreja Católica Apostólica ROMANA pelo terror que era a inquisição e esquecem que viveram 1500 anos sob o mesmo comando.

A pergunta que se segue é: - Quem são as pessoas que  torturavam e queimavam os dissidentes religiosos e perseguiam os mais sábios e onde estão hoje?

Nas igrejas – Respondo sem medo de errar.

Todos aqueles que durante três longos séculos queimaram vivos nas fogueiras seus opositores religiosos com base na Bíblia, que para eles é a palavra de Deus, estão nas Igrejas, Em todas elas, independente da placa que ostentam nos frontispícios de seus templos.

Vejamos alguns relatos históricos a respeito da Inquisição promovida pelos protestantes.

A Inglaterra foi "convertida" na marra porque o rei Henrique VIII queria se divorciar de Ana Bolena. Como a Igreja não consentiu, ele fundou a "sua" igreja obrigando o parlamento a aprovar o "ato de supremacia do rei sobre os assuntos religiosos". Padres e bispos foram presos e decapitados, igrejas e mosteiros arrasados, católicos aos milhares foram mortos. Qualquer aproveitador era alçado ao posto de bispo ou pastor. Tribunais religiosos (inquisições) foram montados em todo o país. (A História da Inglaterra. Leipzig, tomo I, página 54 ).

Os camponeses da Irlanda pegaram em armas para defender o catolicismo. Foram trucidados impiedosamente pelos exércitos de Cromwell. Ao fim da guerra, as melhores terras irlandesas foram entregues aos ingleses protestantes e os católicos forçados à migrar para o sul do continente. Cerca de 1.000.000 de pessoas morreram de fome no primeiro ano do forçado exílio. Esta guerra criou uma rivalidade entre ingleses protestantes e irlandeses católicos.


Escócia: O poder civil aboliu por lei o catolicismo e obrigou todos a aderir à igreja "calvinista presbiteriana". Os padres permaneceram, mas tinham de escolher outra profissão. Quem era encontrado celebrando missa era condenado à morte. Católicos recalcitrantes foram perseguidos e mortos, igrejas e mosteiros arrasados, livros católicos queimados. Tribunais religiosos (inquisições) foram criados para condenar os católicos clandestinos. ( Westminster Review, Tomo LIV, p. 453 )

Dinamarca: O protestantismo foi introduzido por obra e graça de Cristiano II, por suas crueldades apelidado de " o Nero do Norte". Encarcerou bispos, confiscou bens, expulsou religiosos e proclamou-se chefe absoluto da Igreja Evangélica Dinamarquesa. Em 1569 publicou os 25 artigos que todos os cidadãos e estrangeiros eram obrigados a assinar aderindo à doutrina luterana. Ainda em 1789 se decretava pena de morte ao sacerdote católico que ousasse por os pés em solo dinamarquês. ( Origem e Progresso da Reforma, página 204, Editora Agir, 1923, em IRC )

Suíça: O Senado coagido pelo rei aprovou a proibição do catolicismo e proclamou o protestantismo religião oficial. A mesma maldade e vileza ocorreram. Os mártires foram inumeráveis. ( J. B. Galiffe. Notices génealogiques, etc., tomo III. Página 403 )


ROMA em 6 de maio de 1527  cerca de quarenta mil homens espalharam na Cidade Eterna o terror, a violência e a morte. Eram seis mil espanhóis, quatorze mil italianos e vinte mil alemães, quase todos fanáticos luteranos. Gritavam: ”Viva Lutero, nosso papa!” Ávidos, incansáveis na busca das riquezas, os invasores assaltaram, estupraram, saquearam, incendiaram, trucidaram, jogaram crianças pelas janelas e as esmagaram contra as paredes. Grande parte da população foi dizimada. Conforme disse o historiador Maurice Andrieux, esse ataque a Roma “superou em atrocidade todas as tragédias da História, até mesmo a destruição de Jerusalém e a tomada de Constantinopla". Um banho de sangue correu pelas ruas da cidade, e por todo o lado se viam pilhagens, violações e torturas contra a população. 

Holanda: Aqui foram as câmaras dos Estados Gerais a proibir o catolicismo. Com afã miserável tomaram posse dos bens da Igreja. Martirizaram inúmeros sacerdotes, religiosos e leigos. Fecharam igrejas e mosteiros. A fama e a marca destes fanáticos protestantes chegou até ao Brasil.

Em 1645 nos municípios de Canguaretama e São Gonçalo do Amarante ambos no atual Rio Grande do Norte cerca de 100 católicos foram mortos entre dois padres, mulheres, velhos e crianças simplesmente porque não queriam se "batizar" na religião dos invasores holandeses. Foram beatificados como mártires este ano.

Em 1570 foram enviados para o Brasil para evangelizar os índios o Pe Inácio de Azevedo e mais 40 jesuítas. Vinham a bordo da nau "S. Tiago" quando em alto mar os interceptou o "piedoso" calvinista Jacques Sourie. Como prova de seu "EVANGÉLICO" zelo mandou degolar friamente todos os padres e demais cristãos católicos mandando jogar os corpos aos tubarões (Luigi Giovannini e M. Sgarbossa in Il santo del giorno, 4ª ed. E.P, pg 224, 1978.

Alemanha: Na época era dividida em Principados. Como havia muito conflito entre eles, chegaram ao acordo que cada Príncipe escolhesse para os seus súditos a religião que mais lhe conviesse. Princípio administrativo do "cujus regio illius religio". Os príncipes não se fizeram rogar. Além da administração mundana, passaram também a formular e inventar doutrinas. A opressão sangrenta ao catolicismo pela força armada foi a conseqüência de semelhante princípio. Cada vez que se trocava um soberano o povo era avisado que também se trocavam as "doutrinas evangélicas" (Confessio Helvetica posterior ( 1562 ) artigo XXX ).

Relata o famoso historiador Pfanneri: "uma cidade do Palatinado desde a Reforma, já tinha mudado 10 vezes de religião, conforme seus governantes eram calvinistas ou luteranos" ( Pfanneri. Hist. Pacis Westph. Tomo I e seguintes, 42 apud Doellinger Kirche und Kirchen, p. 55)

Estados Unidos: Para a jovem terra recém descoberta fugiram os puritanos e outros protestantes que negavam a autoridade do rei da Inglaterra ou da Igreja Episcopal Anglicana. Fugiram para não serem mortos. Ao chegarem na América repetiram com os indígenas a carnificina que condenavam. O "escalpe" do índio era premiado pelo poder público com preços que variavam conforme fossem de homem maduro, velho, mulher, criança ou recém-nascido. Os "pastores" puritanos negavam que os peles vermelhas tivessem alma e consideravam um grande bem o extermínio da nobre raça.

Em Resumo: em nenhum país cuja maioria hoje é protestante foi convertida com a bíblia na mão. Foram "convertidos" a fogo e ferro, graças à ambição dos reis e príncipes. Exceção é feita no presente século onde a tática mudou. Agora o que ocorre é uma invasão maciça de seitas de todos os matizes, cores e sabores financiados pelos EUA. Pregam um cristianismo fácil, recheado de promessas de sucessos financeiros instantâneos ou quando não, promovem como saltimbancos irresponsáveis shows de exorcismos e curas às talagadas.



Lutero, fundador do protestantismo: Em 1525 escreve aos nobres:

"Matai quantos camponeses podeis: persiga, pegue, degole quem puder. Feliz se morreres neste intento; morrereis em obediência à Palavra divina". Mais de cem mil camponeses pereceram.

Na Saxônia protestante, a blasfêmia tinha pena de morte. Calvino mandou queimar Servet (médico católico que descobriu a circulação do sangue, e a quem eliminaram por "contradizer" à Bíblia com este descobrimento) e outros muitos.

Em 1560 o Parlamento escocês decretou pena de morte contra todos os católicos.

Aqui vão alguns artículos do código inglês para Irlanda:

"O Católico que ensina a outro católico o protestante será enforcado".

"Se um católico adquire terras, todo protestante tem o direito de despojá-lo".

"Desterro perpétuo a todo sacerdote católico; aqueles que o enganarem, sejam primeiro enforcados vivos e logo esquartejados".

As comunidades calvinistas de Paris, Orleans, Ruan, Leon, Angee em sínodo geral em 1559, decretam pena de morte aos hereges.

Na Alemanha foram queimadas mais de 100.000 bruxas. Até meninos de sete anos e anciãos moribundos. Um juiz somente, queimou em 16 anos, a 800 bruxas (uma média de 50 pessoas ao ano).

Isso sem contar o massacre de Passy, as atrocidades que eles cometeram na Inglaterra, nos Reinados de Henrique VIII e de Isabel, a Rainha "Virgem" com 11 amantes, no tempo de Comwell, etc. Mesmo na Revolução Francesa, os protestantes apoiaram as leis contra a Igreja Católica, que acabaram por levar centenas de milhares de católicos a morte na guilhotina, por fuzilamento e outros meios terríveis.

Um fator marcante na época da Inquisição Protestante foi a revolta dos cavalheiros (1522 ? 1523) que tinham aprovação de alguns Reformadores onde todos os elementos se uniram para por em prática as idéias de Lutero exigindo a ruptura com a Cúria Romana. Estes cavaleiros foram os primeiros a pegar em armas em 1522 a fim de acabar com os príncipes Eclesiásticos na Alemanha.

A crueldade foi especialmente severa na Alemanha protestante. As posições de Lutero, contra os anabatistas, causaram a morte de pelo menos 30.000 camponeses.

Calvino, pai dos presbiterianos, mandou queimar o espanhol Miguel Servet Grizar


Miguel Servet  foi um teólogo, médico e filósofo aragonês,  humanista, interessando-se por assuntos como astronomia, geografia, jurisprudência, matemática, anatomia, estudos bíblicos e medicina.

Servet foi o primeiro europeu a descrever a circulação pulmonar. Ele participou da Reforma Protestante e, posteriormente, desenvolveu uma cristologia não-trinitariana. Condenado por católicos e protestantes ele foi preso em Genebra e queimado na fogueira como um herege por ordem do Conselho de Genebra, presidido por João Calvino.  (The History and Character of Calvinism, p. 176. John T. McNeill, New York: Oxford University Press, 1954. ISBN 0-19-500743-3.)

Em seu julgamento pelo Conselho de Genebra presidido por Calvino, segundo a maioria dos historiadores, Servet foi condenado pela difusão e pregação do Antitrinitarismo e por ser contra o batismo infantil.

O procurador (procurador-chefe público), acrescentou algumas acusações como "se ele não sabia que sua doutrina era perniciosa, considerando que ela favorece os judeus e os turcos, por inventar desculpas para eles, e se ele não estudou o Alcorão, a fim de desmentir e rebater as doutrina e a religião das igrejas cristãs(...)".

Calvino acreditava que Servet mereceu ser morto por causa do que ele denominou como "blasfêmias execráveis."

Calvino consultou outros reformadores sobre a questão de Servet, como os sucessores imediatos de Martinho Lutero,  bem como reformadores de locais como Zurique, Berna, Basel e Schaffhausen, todos concordaram universalmente com sua execução. (Schaff, Philip: History of the Christian Church, Vol. VIII: Modern Christianity: The Swiss Reformation, William B. Eerdmans Pub. Co., Grand Rapids, Michigan, USA, 1910, página 780.)

  Em 24 de outubro Servet foi condenado à morte na fogueira por negar a Trindade e o batismo infantil. Calvino sugeriu que Servet fosse executado por decapitação, em vez de fogo, mais seu pedido não foi atendido. Em 27 de outubro de 1553 a pena foi aplicada nos arredores de Genebra com o que se acreditava ser a última cópia de seu livro acorrentado a perna de Servet.

Após o ocorrido Calvino escreveu:


Quem sustenta que é errado punir hereges e blasfemadores, pois nos tornamos cúmplices de seus crimes (…). Não se trata aqui da autoridade do homem, é Deus que fala (…). Portanto se Ele exigir de nós algo de tão extrema gravidade, para que mostremos que lhe pagamos a honra devida, estabelecendo o seu serviço acima de toda consideração humana, que não poupamos parentes, nem de qualquer sangue, e esquecemos toda a humanidade, quando o assunto é o combate pela Sua glória. (The History & Character of Calvinism, p. 176.)


Calvino teve um papel muito ativo na prisão e depois na condenação à morte de Michel Servet. Primeiro ele troca correspondência com ele e depois que o médico, fugindo da inquisição, chega a Genebra, manda-o prender. Calvino havia dito a seu amigo, o reformador Farel, que se Servet entrasse em Genebra, de lá não sairia vivo. 

O luterano Benedict Carpzov, foi legista brilhante e figura esclarecida, até hoje ocupando lugar destacado na história do Direito Penal. Mas perdia a compostura contra a bruxaria, que considerava merecedora de torturas três vezes intensificadas com respeito a outros crimes, e cinco vezes punível com pena de morte. Protestante fanático, afirmava, quando velho, ter lido a Bíblia inteira 53 vezes. Assinou sentença de morte contra 20.000 bruxas, apoiando-se principalmente na "Lei" do Antigo Testamento. Não compreendendo o verdadeiro significado da Bíblia, considerava o Pentateuco como lei promulgada pelo próprio Deus, Supremo Legislador. Carpzov, para condenar a morte, usava (Lv 19,31; 20,6.27; Dt 12,1-5), citava de preferência o Êxodo (22,18); "Não deixarás viver a feiticeira".

Outro famoso perseguidor de bruxas na Alemanha, foi Nicholas Romy, considerado grande especialista e que escreveu um longo tratado sobre bruxaria, teve sobre sua consciência a morte de 900 pessoas.

Em Bamberga, sob a administração de um bispo protestante, queimou-se 600 pessoas. Na Genebra protestante, foram queimadas 500 pessoas no ano 1515.




Credo dos Cavaleiros da Ku Klux Klan do Texas
Grupo fundado por “revelação divina” transmitida ao cristão protestante da Assembléia de Deus, Joseph Simmons.


"Nós, a Ku Klux Klan, reverentemente reconhecemos a majestade e supremacia de Jesus Cristo e reconhecemos sua bondade e divina providência. Erguemos nossos rostos para Deus nosso pai, reconhecendo que este país foi fundado como uma nação Branca sob seus propósitos tais como revelados na Sagrada Escritura."






A história registra que cristãos não mataram apenas Judeus e Muçulmanos, mas todos aqueles que não compartilhavam a sua fé, muitas mortes são registradas entre os próprios cristão.

Católicos mataram Luteranos, Luteranos mataram Anabatistas, Católicos e Calvinistas, Calvinistas mataram Católicos, Luteranos e Puritanos, estes quase foram dizimados na Inglaterra pelos cristãos seguidores da Igreja Anglicana, fundada pelo rei Henrique VIII e correram para os Estados Unidos, onde de perseguidos passaram a perseguidores e mataram mais de 3 milhões de índios incluindo crianças.

Em Salem, cerca de 150 pessoas foram presas e 20 mulheres foram condenadas a fogueira sob a acusação de bruxaria. Ainda em Salém, um dos homens, Giles Corey, morreu de acordo com o bárbaro costume medieval de ser comprimido por rochas em uma tábua sobre seu corpo até morrer, levando ao total 3 dias. O pastor puritano Cotton Mather foi o responsável pelas execuções.

Você pode dizer que isso é coisa do passado, mas não é. Na Irlanda, pais do Primeiro Mundo, vez por outra o noticiário enfoca mortes entre cristãos de denominação diferente em pleno século XXI, se as mortes não se sucederam com o furor de antigamente, é porque hoje os cristão não contam com o apoio do Estado.

Toda essa carnificina, todo sangue derramado, toda intolerância, os cristãos foram buscar suporte na BÍBLIA. Este livro causou mais ódio e perseguição que qualquer outro livro; mais sofrimento que qualquer doença. Sabemos que a Bíblia sempre foi a maior inimiga do progresso humano, da ciência, da cultura e do aprendizado; maior inimigo da moralidade, liberdade, e da justiça do mundo.    


O Papa João Paulo II, no ano 2000, pediu ao mundo desculpas pelos erros praticados pela Igreja Católica Apostólica ROMANA, Esse pedido é apenas o reconhecimento de uma culpa, de um erro praticado pelos Papas e demais dirigentes da Igreja Católica por 300 anos, de crimes, terror e repressão, não trás a reparação do dano causado as suas vítimas e famílias daqueles que foram queimados vivos nas fogueiras do Santo Ofício, mas faz cair por terra o discurso da infalibilidade papal.

Mas, qual o seguimento protestante que encabeçará uma desculpa ao mundo pelas atrocidades cometidas em nome do seu Deus Jesus?


Em ambos os casos, o que se vê é o ódio mortal aos que não comungam com a mesma fé e o esquecimento por completo da “regra de ouro” supostamente dita por Jesus – "Amai-vos uns aos outros".


Fontes
 VEIT, Valentim, História Universal, Livraria Martins Editoras, SP, 1961, Tomo II, pp. 248-249.


Benedict Carpzov, Practica Nova Rerum Criminalium Imperialis Saxonica in Três Partes Divisão, Wittenberg, 1635.

Nichólas Romy, Daemonolatriae Libri Tres, Lião, 1595; Colônia, 1596; Frankfurt, 1597.

Johan Christopher Froehlich von Froehlichsberg, De sorcelleria, Innsbruck, 1696; tradução: Animismes, Paris, Orent, 1964, pp. 62ss.

Cf.. Jacques Finné, Erotismo et sorcellerie, Verviers (Bélgica), Gerard, 1972; tradução de Charles Marie Antoine Bouéry, Erotismo e feitiçaria, São Paulo, Mundo Musical, 1973, p. 41.

W. Bommbeg, The mind of man: the history of man’s conquest of mental illness, 2ª ed., Nova Yorque, Harpel, 1959; tradução: La mente del hombre, Buenos Ayres, 1940.


UM DRAGÃO NA MINHA GARAGEM





16/10/2005 08:35
Carl Sagan



- Um dragão que cospe fogo pelas ventas vive na minha garagem. 

Suponhamos que eu lhe faça seriamente essa afirmação. Com certeza você iria querer verificá-la, ver por si mesmo. São inumeráveis as histórias de dragões no decorrer dos séculos, mas não há evidências reais. Que oportunidade!
- Mostre-me – você diz. Eu o levo até a minha garagem. Você olha para dentro e vê uma escada de mão, latas de tinta vazias, um velho triciclo, mas nada de dragão.
- Onde está o dragão? – você pergunta
- Oh, está ali – respondo, acenando vagamente. – Esqueci de lhe dizer que é um dragão invisível.
Você propõe espalhar farinha no chão da garagem para tornar visíveis as pegadas do dragão
- Boa idéia – digo eu –, mas esse dragão flutua no ar.

Então, você quer usar um sensor infravermelho para detectar o fogo invisível. 

- Boa idéia, mas o fogo invisível é também desprovido de calor.
Você quer borrifar o dragão com tinta para torná-lo visível.

- Boa idéia, só que é um dragão incorpóreo e a tinta não vai aderir. 

E assim por diante. Eu me oponho a todo teste físico que você propõe com uma explicação especial de por que não vai funcionar. 

Qual a diferença entre um dragão invisível, incorpóreo, flutuante, que cospe fogo atérmico, e um dragão inexistente? Se não há como refutar a minha afirmação, se nenhum experimento concebível vale contra ela, o que significa dizer que o meu dragão existe? A sua incapacidade de invalidar a minha hipótese não é absolutamente a mesma coisa que provar a veracidade dela. Alegações que não podem ser testadas, afirmações imunes a refutações não possuem caráter verídico, seja qual for o valor que possam ter por nos inspirar ou estimular nosso sentimento de admiração. O que eu estou pedindo a você é tão somente que, em face da ausência de evidências, acredite na minha palavra. 

Extraído do livro de Carl Sagan: "O Mundo Assombrado por Demônios - a ciência vista como uma vela no escuro" - Companhia das Letras.


Esta matéria foi postada na comunidade do Orkut “Eu Acredito e Confio em Deus”, da qual, diga-se de passagem, fui expulso. Os comentários que recebeu a matéria nos dão uma idéia de como funciona a mente  hipócrita de um cristão fundamentalista – PASMEM!





CRYSTOPHER 16/10/2005 09:03


Não acredite no HOMERO não, o dragão dele sempre vai ser falso, e como ele não tem como provar a existência do dragão, provavelmente num futuro bem próximo o chamarão de doido!! Sim pois acreditar em algo que não se prova, só pode ser doido!!





HOMERO
Então o dono desse dragão, não tem nada, só conversa pra boi dormir!! Se o tal investigador acreditou nele, então é tão burro quanto ele!!

Nós, crentes em DEUS, temos a transformação de vida e os milagres, que nos fazem crer, você acredita em milagres? Se sim explique eles para mim!!
abs


HOMERO 16/10/2005 09:18

PODERIA CITAR AQUI MILHARES DE TESTEMUNHOS DE MILAGRES ATRIBUÍDOS À FÉ EM DEUS!!!


Leia nestes sites:


Copiei alguns do google para você ocupar melhor seu tempo, refute-os um por um, se for capaz!!
Te vejo daqui a alguns meses!!
abs



Minha resposta para Gladimir 16/10/2005 14:47
- Por favor leia o tópico antes de postar qualquer coisa. É certo que esse post foi copiado e colado por mim, mas não sou o autor.
Quem falou sobre o Dragão foi Carl Sagan, ironizando a crença em um Deus.





DESCULPE METER O BEDELHO MAS VI UM IRMÃO 16/10/2005 15:34

Titubear e resolvi intervir mesmo sem ser chamado!!





CRYSTOPHER disse:
Não acredite nessa história do dragão do CARL SEGAN, ele sempre vai ser falso, e como ele não tem como provar a existência do dragão, provavelmente num futuro bem próximo o chamarão de doido!! Sim pois acreditar em algo que não se prova, só pode ser doido!!



Na verdade, o dono desse dragão, não tem nada, só conversa pra boi dormir!! Se o tal investigador acreditou nele, então é tão burro quanto ele!!



POSTEI A SEGUINTE PERGUNTA NO TÓPICO:



15/10/2005 19:42



”.

O que leva uma pessoa a acreditar em Jesus, se não existe uma única prova da sua existência?
.” 

FÁTIMA:
Nós, crentes em DEUS, pai de ISAAC ABRAÃO E JACOB, e em seu filho JESUS CRISTO temos a transformação de vida e os milagres, que nos fazem crer, você acredita em milagres? Se sim explique eles para mim!! 

16/10/2005 15:42
Vc falou que veio para lançar duvidas.
Se lembra?

Mas nós não temos duvida.

Vc quer provar que vivemos uma mentira, mas nós sabemos que "conhecemos a verdade e ela nos libertou"

Vc é que quer jogar areia para ver se tem pegadas, tinta para ver se torna vizível. para nos provar que não existe o nosso DEus.

Eu sei que Ele existe, eu sei que Ele me curou, eu senti a sua presença...fui eu..

Ele é real para mim e eu não me preocupo em provar a sua existência porque DEus a prova por si só todos os dias para aqueles que o procuram e confiam Nele.

Vc acreditando ou não DEus continuará a ser DEus e aqueles que experimentão da sua presença , mediante a fé, continuarão firmes Nele.Ele é real para nós.
  

22/10/2005 20:13

OUTRO POST DA MINHA AUTORIA

Para os que têm certeza e principalmente a prova de curas milagrosas, James Rendi oferece um prêmio de 1 milhão de dólares. Cerca de R$ 2.700.000,00, que se aplicados na Caderneta de Poupança, rende aproximadamente R$ 18.900,00 por mês.

Se os crentes não tiverem medo da verdade, podem se comunicar com o seu representante aqui no Brasil pelo seguinte link




Homero 23/10/2005 03:04

Como vc pode afirmar que Deus nunca existiu? Realmente poderia te contar vários testemunhos de Deus ter falado comigo e Ele fala de várias formas: fala através de sua palavra, fala como uma voz mesmo no nosso interior e usa profetas para falar conosco, qto a essa última opção temos que ter muito cuidado, muitos se dizem profeta usando o nome de Deus, mas isso tbm é biblico. Qto aos milagres, posso citar alguns em minha familia:



1- minha mãe foi curada de câncer qdo já estava em coma e desenganada pelos médicos, temos todos os exames pra provar.



2-minha sobrinha foi curada de meningite, saiu de casa já cega e os médicos disseram que se ela escapasse teria sequelas e não voltaria a estudar aquele ano, isso foi numa terça-feira, na quinta ela estava completamente curada falando comigo ao telefone, na segunda estava de volta a escola e hoje é uma moça linda sem nenhuma sequela dessa doença.



3-meu sobrinho tinha um problema na garganta que não passava, entrou na igreja do Betel ardendo em febre, nem conseguia caminhar, um primo meu que levou minha irmã a essa igreja o carregava nos braços, depois da oração ele saiu brincando como se nada tivesse acontecido e nunca mais teve essas crises.



4- eu tive uma grande inflamação no útero e numa reunião de oração senti que Deus me curava, fui a médica, Dra Suzete e ela me mostrou a marca de uma ferida, disse que não sabia explicar mas eu tinha me curado sozinha.



Poderia ficar por muito tempo aqui testemunhando várias coisas que Deus fez na minha vida e da minha familia e posso te garantir que sinto a presença de Deus em minha vida todo instante é só abrir o coração pra isso. Paz pra vc.


Homero 23/10/2005 03:31



Vou te dar um breve testemunho de como Deus faz promessas cumpre e fala conosco.



Teve uma época da minha vida eu passei um grande problema, uma grande dor e eu não entendia porque aquilo tava acontecendo, me tranquei em meu quarto e conversei com Deus, meu coração estava destroçado, chorava muito e pedi a Ele uma resposta, já tinha ouvido pessoas falarem que Deus respondia através da biblia e pedi a Ele que fizesse o mesmo comigo.

Abri a biblia em Jó 42, onde Ele me dizia que tudo o que tinha sido tirado ia voltar pra mim em dobro e mais outras coisas, senti uma paz enorme me envolver, fiquei sem entender, tinha acabado de receber uma péssima noticia e estava me sentindo daquela forma. Na hora eu acreditei, fiquei esperando as coisas acontecerem, só que eu achava que seria logo e como isso não aconteceu me afastei de Deus e comecei a fazer coisas que desagradavam a Ele, mesmo assim Deus não desistiu de mim e qdo as promessas começaram a se cumprir, as evidências dessas promessa começaram a aparecer, eu estava caminhando para a minha casa na praia do bessa em João Pessoa, nem lembrava mais de nada disso, estava muito distante de Deus nessa época, ouvi uma voz que me dizia: eu não te prometi?

Espera, o mal por si só se destrói e naquele instante tudo voltou a minha memória e senti uma grande vergonha, mesmo asim ainda não voltei aos caminhos do Senhor naquele dia e mesmo assim Ele não desistuiu de mim, cumpriu a Sua promessa e hoje eu sou uma serva Dele e nem consigo entender como pude viver tanto tempo distante do meu salvador e senhor, meu pai querido e amado. Mas essa é uma experiência minha, sei que Deus trabalha com cada um de uma maneira diferente, mas uma coisa é certa, precisamos a brir o nosso coração para Ele entrar, Ele não entra sem permissão deixa que a gente decido se O quer ou não. Paz pra vc.


PAZ É QUANDO OPINIÕES DIVERGENTES CONVIVEM LADO A LADO.