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terça-feira, 15 de dezembro de 2015

ACÃ E ANANIAS MORTOS POR DEUS POR QUEBRA DE DECORO



Muitas histórias contidas no Velho Testamento se repetem no Novo Testamento. Esta é mais uma história contada e recontada em que Deus condena dois homens a morte com suas famílias por sonegarem bens a serem entregues a aqueles que se diziam guardião do tesouro divino. Por outro lado, é possível definir o tamanho e a medida da justiça, da bondade, do amor e da misericórdia Divina.



DEUS MATA OS SONEGADORES 





Josué, o homem que substituiu Moisés em tudo, inclusive nas atrocidades e genocídios (1), manteve o propósito de levar os hebreus para a Terra Prometida. Sob orientação divina,  espalha o terror por onde passa, exterminando povos e saqueando objetos de valores, inclusive camelos, jumentos, bois e ovelhas.



A Bíblia me diz que Javé, nesta época conhecido como "O SENHOR", contando com a ajuda de uma prostituta de nome Raabe,(2) traça um plano para exterminar todos os habitantes de Jericó do mais novo ao mais velho, inclusive mulheres e crianças. A orientação divina era bem clara, toda prata, e o ouro e os vasos de metal e de ferro, decorrente do saque, fossem para o seu tesouro.

Acrece que um guerreiro corrupto de nome Acã, surrupiou parte do produto do saque, o que provocou a ira do Senhor, que por sua vez abandonou Josué a própria sorte, tendo o comandante que amargar uma derrota na cidade de Ai, de onde saíram feridos trinta e seis homens.

Josué ficou irado, rasgou suas roupas e se prostrou em terra sobre o seu rosto. Foi então que o Senhor lhe falou que o tinha abandonado pelo fato de haver um ladrão mentiroso infiltrado no seu exército e que necessário se fazia então que o corrupto fosse queimado a fogo, ele e tudo quanto tiver; porquanto transgrediu a aliança do Senhor, e fez uma loucura em Israel.

Então levantou-se Josué ainda de madrugada e começou a investigar um por um de seus soldados, chegando ardilosamente ao culpado, um homem de nome Acã que confessou o roubo de duzentos siclos de prata e uma cunha de ouro do peso de cinquenta siclos e uma capa.



Além de recuperar o produto do roubo "para o Senhor" Josué confiscou todos os bens de Acã e condenou juntamente com os seus filhos e filhas a pena de morte por apedrejamento e fogo no vale de Acor.

Feita a vontade do Senhor, Josué toma a cidade de Ai com a ajuda diniva.



NOVO TESTAMENTO



Desde o nascedouro do Cristianismo que a classe sacerdotal vem extorquindo fiéis seguidores, ameaçando-os com o suplício eterno, caso não contribuam com parte de seus bens para a manutenção luxuosa de seus clérigos. Ananias foi convencido pelos apóstolos de Jesus a vender sua propriedade e doar todo o dinheiro para a obra de Deus, tal como fazem hoje os pastores da Igreja Universal do Reino de Deus, fundada pelo bispo Edir Macedo. Ananias assim o fez, mas reteve parte do patrimônio, depositando aos pés dos apóstolos apenas parte do dinheiro da venda da propriedade. (Atos 5:1 e 2)

Descoberta a fraude, Ananias foi censurado publicamente pelos apóstolos e teve como castigo imediato, a morte súbita por decoro, causando assim um grande temor ao público presente. (Atos 5:5)





Safira, a mulher de Ananias não teve outro destino senão a mesma sorte do marido. Mesmo tendo confessado que sabia de tudo, inclusive a quantia exata em que a propriedade fora vendida, não teve direito a delação premiada. A fundamentação do Apóstolo Pedro para justificar a morte súbita de Safira foi a de que ela sabia do pecado de sonegação de dízimo praticado contra o "Espírito Santo" e manteve-se calada, contribuindo assim para a execução plena do pecado cometido pelo marido.



Tanto a história de Acã, como a história de Ananias, são histórias repetidas a propósito para servirem de exemplo do que pode acontecer a um fiel que tente enganar um sacerdote sonegando a oferta divina no todo ou em parte. A ira de Deus cairá sobre o sonegador fulminando-o com a pena capital. Para os cristãos a pena é imensurável, pois sonegar a oferta ou parte dela equivale a roubar o próprio Deus e a pena é sofrer eternamente no caldeirão escaldante de enxofre do inferno pelo pecado cometido. Já o judaísmo reserva aos que cometem o sacrilégio de roubar a Deus um lugar de expiação denominado Gehinom(3)



1) JOSUÉ 6:21-27 Com aprovação divina, Josué destrói com  fio da espada os homens, mulheres e crianças da cidade de Jericó.

JOSUÉ 7:19-26 Acã, seus filhos e seu gado são apedrejados até a morte por Josué, só por ter pego despojos dos babilônios.

JOSUÉ 8:22-25 Com aprovação divina, Josué destrói todo o povo de Ai, matando 12.000 homens e mulheres, sem que nenhum escapasse.

JOSUÉ 10:10-27 Com aprovação divina, Josué destrói todo os Gibeonitas.

JOSUÉ 10:28 Com aprovação divina, Josué destrói todo o povo de Maqueda.

JOSUÉ 10:30 Com aprovação divina, Josué destrói todo o povo de Libna.

JOSUÉ 10:32-33 Com aprovação divina, Josué destrói todo o povo de Laquis.

JOSUÉ 10:34-35 Com aprovação divina, Josué destrói todo o povo de Eglom.

JOSUÉ 10:36-37 Com aprovação divina, Josué destrói todo o povo de Hebrom.

JOSUÉ 10:38-39 Com aprovação divina, Josué destrói todo o povo de Debir.

JOSUÉ 11:21-23 Com aprovação divina, Josué destrói todo o povo de Anakim.

JOSUÉ 10:40 “Assim feriu Josué toda aquela terra, as montanhas, o sul, e as campinas, e as
descidas das águas, e a todos os seus reis. Nada deixou de resto; mas tudo o que tinha fôlego destruiu, como ordenara o Senhor Deus de Israel.”

JOSUÉ 11:6 O senhor ordena o mutilamento (corte dos tendões das pernas) dos cavalos.


(2) O comentarista judeu medieval Rashi afirma que ela era uma vendedora de alimentos no mercado em Jericó. O historiador do primeiro século dCJosefo menciona que Raabe manteve uma pousada, mas é omisso quanto a saber se apenas o arrendamento de quartos era sua única fonte de renda. No Novo Testamento Cristão, a Epístola de Tiago e a Epístola aos Hebreus seguem a tradição estabelecida pelos tradutores da Septuaginta no uso da palavra grega "πόρνη" (que geralmente é traduzido para o Português como "meretriz" ou "prostituta") para descrever Raabe.



(3) No judaísmo, o termo Gehinom (ou Gehena) designa a situação de purificação necessária à alma para que possa entrar no Paraíso - denominado por Gan Eden. Nesse sentido, o inferno na religião e mitologia judaica não é eterno, mas uma condição finita, após a qual a alma está purificada. Outro termo designativo do mundo dos mortos é Sheol, que apresenta essa característica de desolação, silêncio e purificação.


 Recomenda a leitura dos livros e sites quando indicados como fontes. Os posts contidos neste blogger são apenas apontamentos de estudo.