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sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

A ORIGEM DA BÍBLIA




Algumas famílias de viajantes - pobres, esfarrapados, sem educação, arte ou poder; descendentes daqueles que foram escravizados por centenas de anos; ignorantes como os habitantes da África Central e recém-fugidos dos seus senhores no deserto de Sinai.

Seu suposto comandante, segundo nos relata a Bíblia, era Moisés, um homem que havia sido educado pela família do faraó que havia aprendido a mitologia e as leis do Egito. Com o propósito de controlar seus seguidores ele fingiu que fora instruído e assistido por Jeová, o deus dos fugitivos.
 
Tudo o que acontecia era atribuído à interferência do seu Deus. Moisés dizia que encontrara esse Deus cara a cara; que no topo do Monte Sinai ele recebera as tábuas de pedra nas quais, pelos dedos de Deus, os dez mandamentos haviam sido escritos, e que Jeová havia dito quais os sacrifícios e cerimônias que o agradavam e quais as leis que deveriam governar esse povo.
 
Deste modo a religião judaica e o código de leis foram estabelecidos.

Não foi dito que esta religião e esse código de leis se estenderiam a toda a humanidade.

Naquela época esses andarilhos não tinham qualquer relacionamento com outros povos. Não havia linguagem escrita, eles não sabiam ler ou escrever. Não havia meios de trazer essas mensagens a outros povos, de modo que elas ficaram enterradas no linguajar dessas tribos ignorantes, miseráveis e desconhecidas por mais de dois mil anos.
 
Muitos séculos depois de Moisés, o suposto líder, estar morto, muitos séculos depois que todos os seus seguidores já não mais existissem, o Pentateuco foi escrito, o trabalho de muitos escribas, e para dar força e autoridade, disseram que Moisés fora o autor.

Sabemos hoje que o Pentateuco não foi escrito por Moisés.

Cidades são mencionadas que não existiam na época em que Moisés viveu.

Dinheiro, cunhado séculos após sua morte, é citado.

Ninguém conhece ou finge conhecer o autor dos julgamentos; o que sabemos é que foi escrito séculos após os julgamentos deixarem de existir.
 
Ninguém conhece o autor de Ruth, nem o primeiro e segundo de Samuel; o que sabemos é que Samuel não escreveu os livros que levam seu nome. No 25º capítulo do primeiro Samuel é citada a aparição de Samuel pela bruxa de Endora ou Endor.


A Bruxa de Endor, a partir Sadducismus Triumphatus por Joseph Glanvill


Ninguém sabe quem foi o autor do primeiro e segundo livro dos reis ou o primeiro e segundo livro das Crônicas; tudo o que sabemos é que esses livros são de nenhum valor.

Sabemos que os Salmos não foram escritos por David. Nos Salmos a escravidão é citada, e isto não aconteceu até quinhentos anos após David ter ido dormir com seus pais.

Sabemos que Salomão não escreveu os livros dos Provérbios ou as Canções; que Isaías não foi o autor do livro que leva seu nome; que ninguém sabe o autor de Eclesiastes, Jó, Ester, ou qualquer outro livro do Velho Testamento, com exceção de Ezra.
 

Sabemos que Deus não é mencionado ou de qualquer outra maneira citado no livro de Ester. Sabemos também que o livro é cruel, absurdo e impossível.

Deus não é mencionado no salmo de Salomão, o melhor livro do Velho Testamento.
 
E sabemos que Eclesiastes foi escrito por um não-crente.

Sabemos que os judeus não decidiram qual dos livros eram inspirados - autênticos - até o segundo século depois de Cristo.

Sabemos que a idéia da inspiração teve um crescimento gradual, e que a inspiração havia sido determinada por aqueles que tinham certos fins a atingir.


Ensaio de Robert Ingersoll